Sempre associado a crianças e adolescentes, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade e as medicações usadas para tratá-lo podem ter efeitos na vida adulta. Pesquisadores da Universidade de Utah Saúde, nos Estados Unidos, descobriram que pacientes com TDAH apresentam um risco aumentado de desenvolver a doença de Parkinson e outros parkinsonismos. O trabalho, que avaliou o histórico médico de mais de 31 mil pessoas com TDAH e o comparou às informações de outras 159 mil pessoas sem o transtorno, foi publicado recentemente no periódico Neuropsychopharmacology.
O Parkinson, doença neurodegenerativa que ocorre na maioria das vezes na terceira idade, tem poucas ligações com a infância. Este fato é o que chamou a atenção dos cientistas, ao constatarem que pacientes com TDAH apresentam o risco duas vezes maior de ter Parkinson de Início Precoce se comparado ao risco de pessoas da mesma idade e gênero sem o transtorno. O risco também sobe significativamente – de seis a oito vezes – em pacientes de TDAH que fazem uso das medicações estimulantes para o problema, como metilfenidato (Ritalina) e anfetamina (Adderall), os clássicos para o tratamento.
De acordo com Karen Curtin, principal autora do estudo, entre 100 mil adultos, um ou duas pessoas desenvolvem a doença de Parkinson antes dos 50 anos. Porém, se estes 100 mil adultos tiverem TDAH, o número de parkinsonianos no grupo sobe para 8 ou 9, em um ano. Neste ponto, mais pesquisa é necessário para determinar se o grau do transtorno e a quantidade de medicação utilizada podem agravar o risco.
O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade é um distúrbio neuropsiquiátrico crônico, que provoca agitação, impulsividade e dificuldade para se concentrar. Ele atinge de 5 a 8% das crianças e está associado a alterações na liberação de dopamina no cérebro. O transtorno surge inicialmente na infância, mas reflete na adolescência e na vida adulta.
Dr. Erich Fonoff fala sobre possíveis causas da doença de Parkinson.
Atualizado em 23/10/2018.