A doença de Parkinson é uma doença neurológica, associada à redução da produção de dopamina. Com a baixa deste neurotransmissor, que atua no envio de mensagens para as partes do cérebro que comandam os movimentos e a coordenação, os sintomas mais característicos são aqueles relacionados ao controle motor. Tremores, rigidez, lentidão dos movimentos estão entre os mais comuns. Porém, quase todos os pacientes de Parkinson apresentam sintomas não-motores também. Depressão e distúrbios do sono são sempre citados.
Uma pesquisa realizada com 700 pessoas mostrou exatamente isso: 90% dos pacientes de Parkinson são afetados por sintomas não-motores. Conduzida pelo Parkinson & Movement Disorder Alliance, grupo americano com o propósito de ajudar pessoas afetadas pela doença, em parceria com a empresa farmacêutica Acadia, a pesquisa também levantou que os principais sintomas relatados são distúrbios do sono (84%), desafios cognitivos (75%), ansiedade (65%), depressão (55%) e alucinações (41%).
Hoje, os especialistas já afirmam que a depressão está presente na metade dos pacientes de Parkinson. Ela é tão poderosa que ‘murcha’ o paciente. A explicação da neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff deixa claro como o quadro atua: “É como se a central de energia da pessoa fosse desligada. Muitas vezes, medo e desânimo são vistos como preguiça e cansaço – e não como depressão”. Quando não diagnosticada e tratada de forma correta, ela pode intensificar os outros sintomas, comprometer a capacidade cognitiva e, consequentemente, ter um impacto negativo em todas as áreas da vida do paciente.
Assim como a depressão, os sintomas não-motores em geral comprometem de forma agressiva a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores. Familiares também sofrem de perto e são os primeiros a notar o surgimento destes sintomas e sua progressão.
Não raro, os pacientes de Parkinson têm uma tendência a se isolar socialmente e deixar de frequentar os círculos sociais de antes. Seja por constrangimento ou desânimo, muitos acabam se afastando de pessoas próximas e deixando de participar dos grupos que antes preenchiam parte de suas vidas. Com a combinação de sintomas motores e não-motores, muitos deles abandonam também atividades corriqueiras, que passam a ser enormes desafios, como ir ao supermercado, dar um passeio na rua, receber alguém em casa.
O alerta vale tanto para pacientes como para cuidadores, amigos, familiares: Não ignore sinais de apatia, desânimo, tristeza. Relate qualquer mudança de comportamento e de humor para o médico. Os sintomas não-motores são muito pesados e fonte de enorme angústia. Ninguém precisa lidar com eles sozinho.
Sabia que a terapia cognitiva em grupo pode fazer muito bem aos parkinsonianos?
Atualizado em 28/08/2018.