A cirurgia de estimulação cerebral profunda é um dos tratamentos mais eficientes para controlar os sintomas da doença de Parkinson. Atualmente, ela é bem menos invasiva e apresenta melhores resultados para os pacientes. No entanto, a DBS, sigla em inglês para deep brain stimulation, ainda é uma cirurgia e, como todo procedimento cirúrgico, tem um período de recuperação até que a vida volte totalmente ao normal e o paciente sinta todos os benefícios. A seguir, o neurocirurgião dr. Erich Fonoff, um dos maiores especialistas em estimulação cerebral profunda no Brasil, esclarece como é o pós-operatório.
A internação
O paciente se interna na noite anterior – ou pela manhã, caso a cirurgia esteja programada para o período da tarde, sem o uso da medicação antiparkinsoniana. Após o procedimento, o paciente segue internado por mais uma ou duas noites.
Sem UTI
Na maior parte das vezes, não há necessidade de ficar na unidade de tratamento intensivo (UTI). O paciente passa o dia seguinte no hospital apenas para receber os antibióticos necessários e ser monitorado de perto para qualquer eventual complicação.
Desconforto pequeno
O paciente pode sentir dor de cabeça e cansaço após a cirurgia. Este mal-estar é temporário e, normalmente, cede nas primeiras 48 horas. Para a dor, o médico prescreve analgésicos.
Em casa
Logo nos primeiros dias após a cirurgia, o paciente já se sente melhor e nota redução dos sintomas motores, como tremores, movimentos involuntários e rigidez. Mas são necessários ajustes no equipamento, nas semanas seguintes, para se obter proveito máximo.
Sem repouso
Não é necessário ficar de cama nem afastado de todas as atividades que fazem bem ao paciente. Nas primeiras semanas após a cirurgia, o importante é se concentrar na recuperação e se cuidar para não ter infecções. Ainda no hospital, o paciente aprenderá como limpar e trocar os curativos. Em linhas gerais, a recomendação é manter as áreas limpas e secas, não usar produtos de beleza no local das incisões, não puxar peles que podem soltar ao redor e manter as mãos limpas quando fizer esta higiene.
Descanso
Embora não seja necessário ficar em repouso, o corpo – e neste caso, o cérebro também – precisa de tempo para se recuperar. Durante este período, é fundamental dormir bem, se alimentar adequadamente e seguir todas instruções dos médicos em relação a medicação e restrições físicas.
Sinal de alerta
Até a recuperação completa, vale prestar atenção em qualquer sinal de infecção, como febre, inchaço, vermelhidão e secreções no local dos cortes. No pós-operatório, não ignore estes sinais e ligue para a equipe do seu médico se for necessário.
Medicação
A estimulação cerebral profunda potencializa o efeito das medicações. Por isso, os pacientes submetidos ao procedimento chegam a reduzir, em média, 50% dos remédios. Os efeitos colaterais, causados pelo uso prolongado da levodopa, também reduzem significativamente. Equilíbrio, marcha e fala melhoram. Em pouco tempo, o paciente fica mais ativo, mais seguro, mais feliz.
Consultas
A estimulação cerebral profunda não elimina a doença de Parkinson nem promove a cura. Ela consegue controlar os sintomas da doença. Mas, como muitos pacientes têm a impressão de que a doença não existe mais, eles adiam as consultas seguintes. Isto não deve acontecer. No pós-operatório, é importante manter o acompanhamento com o neurologista e também com os outros profissionais e suas terapias. Eventualmente, o médico precisa fazer ajustes no equipamento para acertar as necessidades específicas de cada paciente, assim como modificações na medicação.
Quando não funciona
A resposta à cirurgia é individual e única de cada paciente. Eventualmente, uma pessoa pode não sentir os benefícios esperados. Nestes casos, o equipamento pode ser desativado e removido. A vantagem é que a DBS não danifica nem destrói células do cérebro.
Leia mais sobre a estimulação cerebral profunda.
Atualizado em 24/07/2019.