A ajuda da fonoaudiologia no Parkinson

Além dos sintomas motores conhecidos – tremor, desequilíbrio, rigidez, lentidão nos movimentos -, a doença de Parkinson afeta também a fala, a salivação e a deglutição. Porém, estes sintomas não surgem para todos os pacientes no mesmo estágio da doença, nem com a mesma intensidade. Na maioria das vezes, só são percebidos com o passar do tempo. Mas, vale o alerta: exercícios de fonoaudiologia no tratamento do Parkinson têm se mostrado eficientes no controle destes sintomas. Quanto antes eles forem tratados, melhores são os resultados obtidos. A fonoaudióloga Giovana Diaferia, da equipe do dr. Erich Fonoff, explica como a doença de Parkinson afeta a fala, a deglutição e a salivação. 

 

A FALA – Muitos pacientes apresentam mudanças no tom de voz e no ritmo da fala. A principal queixa é a voz fraca ou excessivamente baixa. Isto acontece quando as pregas vocais não se fecham corretamente, possivelmente devido à rigidez muscular e à lentidão dos movimentos. O parkinsoniano também pode ter uma fala monótona, ou seja, sem os tons graves e agudos realçados. Para quem ouve, as frases têm pouca entonação e velocidade, o que dá a impressão de falta de emoção. Alguns pacientes, por outro lado, tendem a acelerar o ritmo das palavras, o que também dificulta a compreensão. Assim, exercícios vocais possibilitam deixar a voz mais forte e a fala mais clara e compreensível. Os benefícios são rapidamente notados em conversas com familiares e amigos. Consequentemente, o paciente recupera a autoestima e a vontade de conviver socialmente. 

 

A DEGLUTIÇÃO – A deglutição fica comprometida em cerca de 50% dos pacientes diagnosticados com Parkinson. A principal causa é o enfraquecimento da musculatura da boca (língua, lábios, bochechas, céu da boca e garganta). Com este prejuízo, os alimentos não são bem mastigados, podendo levar a engasgos, tosses e pigarros. Os pacientes podem ter também dificuldades para engolir líquidos, como a própria saliva, e chegam a engasgar até com comprimidos, que antes eram deglutidos de maneira automática e sem desconforto. 

A dificuldade para engolir merece muita atenção, pois quando isso ocorre, o alimento pode desviar da rota natural da boca para o estômago e penetrar nas vias aéreas através da laringe. Se este alimento chega aos pulmões, pode haver pneumonia por aspiração. Além de exercícios e técnicas para engolir corretamente, o paciente deve considerar mudanças na dieta e na forma de se alimentar, como comer quantidades menores, optar por líquidos mais grossos e manter o queixo mais próximo do tronco ao engolir. 

A SALIVAÇÃO – Na maioria dos casos, o excesso de saliva acumulado na boca não é provocado por um aumento na produção da saliva. O que ocorre é que o paciente de Parkinson, com a progressão da doença, pode apresentar dificuldade em engolir qualquer coisa, inclusive a própria saliva. Em condições normais, isto ocorre automaticamente à medida em que ela é produzida. No parkinsoniano, o movimento motor automático deixa de ser realizado, levando ao acúmulo de saliva. Além de desconfortável, a saliva acumulada alerta para a dificuldade de deglutição e está também associada ao prejuízo da fala. É importante que familiares e cuidadores fiquem atentos quando a saliva escorre pelo canto da boca ou escapa entre os lábios, para evitar uma eventual aspiração ou pneumonia. Mais uma vez, exercícios de fonoaudiologia ajudam a controlar o problema e a fortalecer os músculos enfraquecidos. 

 

13 DICAS PARA PREVENIR ENGASGOS EM PACIENTES DE PARKINSON 

Não raro, os problemas na deglutição e o excesso de saliva na boca podem levar o parkinsoniano a engasgar. Para evitar que isso aconteça e aumentar o conforto do paciente com Parkinson, veja algumas dicas que todos podem seguir diariamente à mesa: 

  1. Não tenha pressa para comer 
  1. Realize as refeições sentado e mantenha a coluna reta 
  1. Não estique o pescoço para trás na tentativa de engolir o alimento ou o líquido 
  1. Evite alimentos grudentos e secos como pão de forma, bolacha água e sal, coco ralado, pipoca e farináceos (como aveia em farelo) 
  1. Escolha alimentos mais pastosos e sólidos e prefira líquidos mais grossos. Pois, o engasgo com líquidos é o mais frequente 
  1. Engula pelo menos 2 vezes após a mastigação do alimento na boca 
  1. Beba líquidos em pequenos goles 
  1. Coloque pouca quantidade de alimento na boca 
  1. Alterne líquidos e sólidos. Isto ajuda a limpar a comida da boca e da garganta 
  1.  Cuidado com canudos. Embora sejam úteis para quem tem tremores, eles podem entrar muito fundo na garganta. Desta forma, mantenha-os sempre nos lábios  
  1.  Mantenha o queixo próximo ao tronco. Pois, quando o queixo está elevado, a traqueia se abre mais, o que facilita a descida de alimentos para os pulmões 
  1.  Não deite logo após as refeições. Espere a comida ‘descer’ um pouco 
  1.  Lembre-se de engolir a saliva frequentemente e antes de falar. 

Tratamento do Mal de Parkinson.  

 

Atualizado em 19/10/2022.