Parkinson é uma doença que atinge, principalmente, os movimentos. Porém, em paralelo, o transtorno do controle do impulso está, muitas vezes, associado às complicações do próprio tratamento da doença de Parkinson. Nas últimas décadas, observou-se que alguns pacientes em uso prolongado de medicações dopaminérgicas, assim como aqueles submetidos à cirurgia de estimulação cerebral profunda, apresentaram alterações comportamentais relacionadas a este espectro. A seguir, a neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff, aborda pontos importantes deste transtorno:
– O transtorno do controle do impulso envolve comportamentos de busca de prazer que ocorrem de modo excessivo, repetitivo e com padrão compulsivo.
– Os principais transtornos descritos são jogo patológico, compra compulsiva, hipersexualidade (obsessão incontrolável por sexo) e o comer compulsivo. Também são comuns comportamentos repetitivos, o colecionar objetos e a síndrome de desregulação dopaminérgica (quando o paciente deseja doses extras da medicação desnecessariamente).
– O principal fator de risco para o transtorno do controle do impulso é o uso prolongado de medicações como levodopa e agonistas dopaminérgicos. Outros fatores que pré-dispõem o transtorno são ser do sexo masculino, a presença de impulsividade exacerbada, quadros de depressão, início precoce da doença de Parkinson e pré-existência de transtorno do controle do impulso e personalidade com tendência à busca por novidade.
– O transtorno do controle do impulso na doença de Parkinson se manifesta de diversas maneiras. Em 5% dos pacientes é observado jogo patológico, hipersexualidade em 3%, compra compulsiva em 5,7% e comer compulsivo em 4,3%. Também foi observado que 3,9% dos pacientes apresentavam duas ou mais manifestações associadas.
– É indicado que o médico neurologista investigue a predisposição à impulsividade, já que há possibilidade de o tratamento dopaminérgico desencadear o transtorno do controle do impulso em pacientes de Parkinson. E, é recomendado que a entrevista com o médico seja realizada na presença de um acompanhante. Isto porque existe uma dificuldade de alguns pacientes em reconhecer o comportamento compulsivo como alterado e, possivelmente, patológico. Muitos também podem tentar omitir a informação.
– Caso identifique algumas destas alterações de comportamento – em você ou em um paciente de Parkinson –, procure o neurologista. Este médico pode avaliar o quadro e sugerir possíveis ajustes na medicação dopaminérgica.
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Atualizado em 20/04/2018.